NÃO CHEGA DE SAUDADE!

Em você, eu me vi no espelho do tempo.

Somos metade, em eterna conjunção.

Na imensidão de minha tristeza,

Sinto teu meigo abraço me amparar,

E incompreendo teu coração me rejeitar.

Se, a intensidade de teus versos,

Pudessem captar minha sinuosidade,

Certamente eu não seria um ser errante;

Que perambula, zanzando por ai,

Procurando o nada, esbarrando no vazio.

Omiti o pranto, para ser conivente.

Abri meu sorriso e fechei o coração.

Fui nocauteado pela submissão do amor

Decantado em teus versos e prosas.

Até mesmo o sonho foi usurpado.

Aqueço-me na saudade causticante,

Tentando recolher as migalhas de amor

Que a vida reservou para mim.

Intrínseco abatimento que teima

Em acrescer o torpor, na agonia da dor.

Absorto em pensamentos retrógrados,

Tento projetar em você o meu sonho.

Chega a ser indecoroso o meu pensar;

Como posso embutir em teu coração,

Um amor, que desconhece a própria razão?

A cada penoso dia que desabrocha,

Sinto-me diminuído frente ao mundo.

Incorro em observações infrutíferas.

Assomo descréditos repetitivos e pasmo,

Acrescido de teu desamor, teu descaso.

Ando descortinando existências passadas,

Para detectar a brusca mudança emocional

Que deteriorou o amor e criou a rejeição,

Norteando a fixação pelo desassossego.

Acho que a maledicência me fez de sparring.

Certamente é assim que você quer me ver,

Sempre cáustico, em processo de decomposição,

Atado a uma asquerosa e infinda apatia mórbida

Que desalenta a mente e encurrala o coração,

Que, mesmo magoado, ainda chora uma doce saudade.

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 19/08/2005
Código do texto: T43752