RELÓGIO

As horas batem

os minutos espancam

e o reflexo que ora vejo

estampado no tempo

relembra uma juventude

calcada nos extremos

cunhada em fogo e ferro

insanidade premente.

Nas pregas e vãos do pensamento

esquecidos lamentos

manchas senis do tempo

temperam a canja morna

o chá amargo da vida

esquecida sob o leito

onde escondidos estão todos os tempos.

Máquinas, fios, oxigênio

pontiagudas palavras tremulam

teimam em sair da boca úmida

já cansada de muito engolir.

Horas, minutos e segundos infinitos

estilhaços atemporais sem cor

só a dor encarnada responde aos olhos

redondos e secos botões

murchando a vida aos poucos

término de mais uma faceta

do poeta em vôo pleno e certo

pinçado em meio a tantos galhos.

Na escuridão do medo

ainda procura a luz naquela cortina

mina o sangue das paredes verdes

biologia do amor perverso

no gritar das horas mortas.

Ligi@Tomarchio®

SP/10/03/2007

LigiaTomarchio
Enviado por LigiaTomarchio em 05/04/2007
Reeditado em 10/10/2008
Código do texto: T438166
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