TEMPO INSISTENTE

O tempo insiste

Em roubar-me

O que de mais precioso tenho:

Versos meus, a espera de um parto

A dar-lhes vida.

Essa vida que os aborta

Na correria dos dias de trabalho

E minha mente permanece

Ociosa para os apelos

Guardados no espírito

Inundado de palavras

Desejosas a mostrar-se

Mas lá ficam a minha espera

Como agora, quando estou longe

Do barulho ensurdecedor das crianças

Que muitas vezes me inspiram

E faz lembrar-me

Que já fui uma um dia

Tenho de apressar-me,

Pois o tempo acaba

Mas não finda

Meus versos inacabados