Reencontro.

Outra vez encontro-me apaixonada assim como antes estive

e meus olhos não ousam negar o delírio de rever os seus.

A fêmea delicada que há muito adormecida estava,

desperta sorri a delícia de senti-lo, meu amado.

Tantas vezes eu disse não as loucuras do coração

e agora, sem mais pensar, estou novamente em suas mãos.

Pode tudo isso chegar ao fim antes da vida prosseguir

e o poema ser o mais infantil de todos os que já escrevi,

mas ele tem gosto de eternidade porque na realidade do tempo

foi escrito em nossos corpos quando ainda descobríamos a verdade do amar.

E se fomos cúmplices pela vida afora do que não conseguimos sepultar

que dure mais e mais, essas horas em que não haveremos de nós afastar.

Quantos amores passearam em seus dias?

Quantas lembranças rondaram suas noites?

As minhas em longa espera suspiraram em outros braços,

abafadas romperam carinhos em outros leitos.

Fui sua, sendo de quem me amava em fantasia,

sem sentir com outro, meu moço, o gosto de sua montaria.

Hoje, no espaço em que nos revelamos, reinvento o gozo

e sei, apenas em seu peito encontro significado para a paz.

Não, não apague a luz ou feche os olhos, preciso confirmar

que resistiremos ao adeus e, amanhã, daremos bom dia ao recomeço

_ armazém de toda devoção ao que sabíamos paraíso.

Cíclico, o único amor sempre retorna.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 06/04/2007
Código do texto: T439972