[Do entendimento...]

[Se fosse para ser simples, eu desistia logo...]

Assim, como um animal à procura

de luz além da estreita passagem:

... e então, eu caminharia por entre as cortinas

das águas que descem das colinas do mundo

e formam os líquidos e impermanentes véus

que cobrem os barrancos que eu não venci —

o [meu] entendimento perde-se nos vórtices d'água

que consomem o meu olhar aflito, interrogante!

É como se um sarcástico alguém, debaixo

da mesa em que o meu desejo de entender

só se alimentava, ávido, do desejo do outro,

puxasse a toalha por um furo no tampo...

... e tudo, tudo que estivesse para, enfim, ser entendido,

o desejo, isto é, a carne da carne viva do desejo de amar,

e até o próprio fio de trilhar o labirinto do mundo,

fosse tragado, num instante, por esse furo insubstancial —

seria esse furo, esse tal furo, o olho do cu do mundo,

o olho por onde a Morte lança sua teia escura, fatal?

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[Desterro, 21 de julho de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 23/07/2013
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