Doce Loucura
DOCE LOUCURA
Diante dos meus olhos
Vejo-te envolto em teus sonhos
Fico imaginando a tua maluquêz
Num mundo todo teu,
No êxtase sublime de um gol.
Tarde quente,
Galera apaixonada,
Torcida ensandecida,
Ecos que ressoam
Corações contritos
Esperando por você.
Rostos compostos e descompostos
Em mascaras atrozes
Num misto de prazer
À espera do teu gol.
Pobre catador de papel
Magro, sujo,despiciendo!
Pobre poeta louco!
Casam-se, em paranóias,
Na mais completa
E perfeita harmonia
Das tuas loucuras.
Tens consciência por acaso
Do quociente exato
Das tuas desventuras?
Tu, louco catador de papel,
Somente tu,
Sentes a agonia deste momento,
Não podes e nem deves,
Na tua fantasia, perder este pênalti.
Sorriso enganador
Do miserável defensor.
Ele ri da tua agonia,
Mal sabe o pulha
Que o canto do gol
Já foi escolhido
E que este pênalti
Ainda não foi batido.
Fera ferida que não vacila
Com carinho e afeição
Ajeitas a pelota que não te rejeita,
Ela entende
A tua angústia
E também tua grandeza.
Simbiose perfeita...
Corres sereno e tranqüilo,
Chutas no ângulo,
Pega na veia,
GOOL...
-Pega desgraçado!
Explosão de raiva incontida.
Sentes fluir em teu corpo
Uma sensação de raro prazer
Vendo aquele arqueiro abatido
De cara enterrada no chão.
Vi, é verdade, dou FÉ!
PoetaDosErmos