O Olimpo está limpo!

Euna Britto de Oliveira

Site de Poesia: www.euna.com.br

De vez em quando, há umas árvores e uns ventos

Que me lembram cemitérios.

Mas essas árvores têm de ser pontiagudas

E os ventos, uivantes!...

O céu, obrigatoriamente cinzento.

Certas pessoas têm olhos de velório – mortiços...

Outras, de passageiros nos salões de festa de navios

Depois que sentiram o sol

E viram o mar o dia inteiro! – Brilhantes!...

As planícies são o sossego da geografia dos países

E a flor mais alegre de todas, pra meu gosto, é a margarida!

“Mãos de mulheres, cheias de ternura, cozinhavam seus filhos,

que lhes serviam de alimento...”

Fechei o livro sagrado para não ler mais os relatos de Jod,

Porque não houve barbaridade tamanha nem na segunda guerra!

Desviei o olhar para o outro lado...

Vi que na montanha subia uma fumaça da cozinha do convento

Mas não era nada, era névoa,

A água que a noite cozinhou com indevassável amor.

É tão gostoso trabalhar com palavras!

São tão mais portáteis do que tinta

Ou qualquer outra matéria-prima!...

Só que de vez em quando assisto

À esgrima de umas palavras com as outras

No palco da minha mente,

E isso teima, queima!...

Outras vezes, elas me viajam,

Põem-me de acordo com o mundo

E me limpam.

Por falar nisto,

O Olimpo hoje está limpo!

Não há mais deuses por lá!

Estão morando nos livros...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 07/04/2007
Código do texto: T440526