O dédalo

As vezes, a noite, eu sinto minhas asas me levarem a um lugar quente. Um lugar onde dor alguma pudesse me atingir. E ali, nas sombras do meu quarto banhado pela escuridão, eu vejo meu sonho tomar forma...

Em verdade, é imenso o dédalo.

Em mentira, basta uma palavra!

- E já não há labirinto algum.

Em verdade, minha sensatez tem de ser analisada.

Em mentira, minha loucura vale mais que mil palavras.

E quando me sento em frente ao certo

estou sonhando novamente em beijar o errado.

E quem dirá que aquilo em que tanto erro

não seria meu certo,

meu tiro no alvo

rasgando a escuridão?

E quem dirá que meu coração trôpego

não estaria livre

se marchasse - manco - naquela errante direção?

Em verdade, estou doente, delirante.

Em mentira, desperta, deflagrante.

E quem me dirá

pra abraçar a verdade

e consumir agonia,

se em meu dedo repousa - lívida

a aliança que a mentira me fez coroar?

Em verdade, não existe a verdade.

Em mentira,

eu existo.

Esfrego os olhos, meu poema mudo não me segue, toma outro rumo. Rumo algum pra dentro de mim.

Ignis
Enviado por Ignis em 30/07/2013
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