Minotauro
São sete
e sete atenienses
encarcerados em Creta,
presos no sub-inferno
de Dédalo arquiteto.
Na casa dos corredores,
caminhamos,
caminhais,
caminham.
Ida sem saída,
sem esperança,
à espera do porvir:
no labirinto,
ronda quem rumina.
Do útero da sombra mais espessa,
bruto,
bufa o monstro triste.
Horror!
Terror!
Pavor!
Mas o que faz paralisar
é a face da fera:
o Minotauro,
a fúria que se quer quieta
o estouro de um touro só,
é o mito calado,
o ente silente
que vive dentro
de cada um de nós.
Homo homini taurus.