Parto



Gosto de saber que me lês
E que as letras de mais uma canção
Sem melodia
Rabiscadas ao léu
soam a ti como o sentir
do que nem pensei
ou nem mesmo acreditei
estar sentindo
no instante
que aconteceu...

Gosto de perceber que me interpretas
E que minhas palavras
Sem nexo
Estremunhadas ao vento
Recendem em ti como o pensar
do que tenho n’alma
assim como as musas
das arcádias
mares
ou sertão
(e todas elas de tua imaginação)

Gosto de sentir que me sentes
E que meus toques
através de luzes (in) existentes
e sons (in) imagináveis
fazem com que me esperes
e me vejas
em outros rostos

E que sintonizem em ti
as dores da minha criação

Gosto de saber
Que me sondas
Que me pensas
Que me vives
Que me imaginas

Que me sentes
(mesmo de longe)
(sem me tocar)

E que ... num dia, numa noite, 
ou madrugada
sem anestésicos
de onde estavas
tivestes um parto tão dolorido
quanto o meu...

E que assim (quem sabe?)
Nasceu (ou nascerá?) a tua
ou nossa canção...

(Adriana Luz – abril 2007)



Adriana Luz
Enviado por Adriana Luz em 10/04/2007
Reeditado em 28/10/2008
Código do texto: T444502
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