Privilégios
O eterno não conhece o amanhã
Tampouco o instante
Falta-lhe a perenidade.
Não há futuro sem fins para o começo
O intento de passar é coisa vã
É na ciranda das horas vencidas
Que a guerra é ganha
Ali passar é perdurar
Revendo os mortos sem gemidos ou esquivas
Não há consolo
Só o fartar-se do infinito
Nem os obsoletos rituais do dia
quebram o rito pois carecem de efeito:
A tarde cai sem o hoje lento, a manhã breve
A noite perde o esperar do sonho novo
A medida da existência são os difuntos
Que se repetem em labirínticas vitórias
A perversão do infinito nos tortura
Num sem fim que desnatura toda história.
Sorte dos homens
que conhecem a derrota
De entregar sua existência
Pouco a pouco.