O CORVO MORTO
“ Mas como sobra o vento nestas ruas de Outono!”
(Obsessão do Mar Oceano, Mário Quintana)
Há um corvo morto em Paris,
necessário desossá-lo.
Parece um urubu-rei-abutre!
Bicadas lhe sobram,
soprar, algum...
Há um corvo lívido em Paris,
necessário autopsiá-lo.
Fora um carcará-fantasma,
apavorador dos gados
magros pelo sol...
Há um corvo morto em Paris;
desnecessária será a humanização dos corvos!
Sua entrada – triunfalíssima –
no portal do carrossel
alvoroçou as aves
de asas sãs.
a cada corvo que invade o céu,
liberta – uma a uma – as andorinhas.