Noite inteira

Há quanto tempo não falo de amor?

Amor

como compartilhamento,

como carícia,

como sexo...

Amor,

mecânica sem engenho,

confuso e complexo.

Limpe os pés antes de sair.

Apague as luzes quando for entrar.

Nossos corpos,

que untamos com leite condensado,

vão amanhecer cobertos de formigas imaginárias.

Lar, doce lar.

Neste breu,

meu desejo é seu desenho em preto e branco

(quem enxerga no escuro não distingue cores).

Depois de tudo, você deixa

um beijo de batom

e um recado no azulejo:

“eu volto”.

Aviso ou ameaça?

E eu, bobo, bobo,

bacharel em amores freudianos,

quero deitar minha cabeça no seu colo

e lhe dizer coisas sobre mim que,

normalmente,

nem para mim revelo.