ÚTERO DE MIM
Quero olhar do lado de cá
Não quero o ar
impuro da manhã.
É o medo que me domina
É a segurança de ser
aqui fora de lá.
daqui olho,
insinuo,
dilato e maltrato
Sou e não sou assim.
Mínima participação de mim.
O mundo daí me causa
não me deixa ser.
E o tolher é sempre
Não é escolha.
Sou eu assim mesmo
Pois o olhar causador
e obsceno não se descola
do corpo
porque o corpo petrificou
no íntimo eu.
As cores do mundo
devem manter distância
do cinza em mim.
E tudo aqui me causa, de novo.
dor e vontade.(líquidos que me formam o mundo-eu)
Mas há a música aqui:
temporária e melancólica
que me inunda o espaço,
que se faz líquido protetor
que me faz ir ao útero de mim.