ÚTERO DE MIM

Quero olhar do lado de cá

Não quero o ar

impuro da manhã.

É o medo que me domina

É a segurança de ser

aqui fora de lá.

daqui olho,

insinuo,

dilato e maltrato

Sou e não sou assim.

Mínima participação de mim.

O mundo daí me causa

não me deixa ser.

E o tolher é sempre

Não é escolha.

Sou eu assim mesmo

Pois o olhar causador

e obsceno não se descola

do corpo

porque o corpo petrificou

no íntimo eu.

As cores do mundo

devem manter distância

do cinza em mim.

E tudo aqui me causa, de novo.

dor e vontade.(líquidos que me formam o mundo-eu)

Mas há a música aqui:

temporária e melancólica

que me inunda o espaço,

que se faz líquido protetor

que me faz ir ao útero de mim.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 31/08/2013
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