Veto

À volta dessa mesa muito penso,

Engulo palavras e gesticulo a esmo.

Meu tempo rasgou-se de tão tenso;

Continuo igual, mas ele não é o mesmo.

Minha voz entalada reflete minha aflição

Cronometrada; não aprendi atar os ponteiros,

Já não sei onde anda o meu coração

Nem meus esboços poéticos rotineiros.

Sentada olhando para o nada ou quase,

Sinto o peso da razão ou da falta de emoção;

Como se a vida por si só me bastasse

Mesmo que povoada de muita solidão.

Tanto plantado e um deserto me consome,

Não sobrou das chamas nem o meneio

De uma paixão. O vago de algum codinome

Com saudade, talvez saboreie sem receio.

Os dedos tamborilam cansados, distantes

Enquanto os pensamentos caducam.

Já não me acho mais como antes

As palavras desorganizadas se calam.

Perdi da história algum trecho secreto;

Que explica onde minhas palavras veto.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 11/04/2007
Código do texto: T446136
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