INQUIETAÇÃO
INQUIETAÇÃO
Agora a minha procura é seiva crescente.
Chuvas embebedando a terra,
lamas aspirando à profundidade.
Agora a minha amargura
é a condição decadente.
Certamente isto será coisa de momento.
Além do mais existe o triste de nosso sentimento.
Chuvas caindo doces e
embriagando a tarde.
Eu prefiro um tipo de procura,
O estilo mais ousado de procura.
Claro que seguimos com amargura.
Mas isto não é nada,
os sentimentos têm esta face inesperada.
Chuvas: posso dizer
que são tão tristes,
mas aqui parado, ouvindo estes acordes,
eu admiro a procura.
Esta que prega lemas ao peito.
Refletindo canções no ar rarefeito.
Parado não estou certamente.
Pense em quem nos escravizam,
obrigatoriamente vulgarizando.
Chuvas... ricas de águas,
monotonamente ferindo a terra pura.
E eu aqui pensando em minha procura.
E sinto o frio do desespero.
A pressa de crescer,
o medo de ninguém me impedir.
Em meu leito, rezas da procura.
Terços para enterrar a amargura.
Mesa para repartir a fartura
do pensamento.
Tudo isto são coisas do sentimento.
Chuvas que amam o vento, harpas dos ventos.
À minha procura deixo os espaços da poesia.
Deixo fracassos e fantasias,
deixo, enfim, esta vivência absorvente...
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é outono de 2007.