Abstinência

Sem poesia o verbo doce, agoniza

Secam as palavras no nó da garganta.

Nem com amor, a paixão se materializa;

Palavra sem poesia, de nada adianta.

Palavras sem poesia; é abstinência.

Prazer assim declamado é puro desejo,

Nem há lágrima que salve a aparência

Mesmo que a declaração morra num beijo.

Empobrecem as almas e os diálogos

A cada palavra fria pronunciada.

O que cantam à lua os namorados,

Se sem poesia for a língua sacrificada?

Quero abraço, correio elegante de bilhetes

Para avivar o romantismo esquecido,

Outra vez flerte, flores em ramalhetes,

Sonhar com o esperado beijo escondido.

Sem poesias não se suspira de saudade.

Sem poesias não se sonha acordado;

Fica tudo com o mesmo sabor de futilidade,

E não há mais amor a ser conquistado.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 12/04/2007
Código do texto: T447331
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