privado pecado

eu te perdôo a mentira discreta

a fala dengosa quando me nega

os beijos apressados

os desejos emprestados

eu te perdôo a omissão suspeita

o prazer silencioso

a voz embargada, o desejo exposto

e minha ridícula boca aberta

eu me perdôo o prazer constante

as mãos inquietas

o bamboleio incessante

no rodopio das pernas

eu te perdôo o riso escrachado

o verbo desatinado

meu estar em privado pecado

a íris avessa engolindo na boca

roucamente confessa

a alegria de amar exagerado

eu não me perdôo a areia fina

escoada ao longo dos ponteiros

sem procelas e sem rimas

a chama sem pavio

encoberta por tantos janeiros

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 24/08/2005
Código do texto: T44745
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