Nasci para a Poesia

Nasci para a poesia.

Não de uma poesia rimada.

Com estrofes perfeitamente ritmadas.

Mas, a poesia nasceu comigo.

Nasceu de mãos dadas a mim.

Toda primaveril, em pelo outono.

Num vinte e um de março

Chegou doce, abençoando-me.

Mostrou-me os melhores caminhos

Às palavras certas dos sentimentos.

E de palavras e sentimentos tenho entendido tanto.

Que quase posso me graduar.

Digo por aí

Que se tivesse vergonha na cara

Faria das letras meu diploma universitário.

Contudo, não deve ser só falta de vergonha.

Depois que a gente vira gente grande

O concretizar de sonhos fica mais difícil.

Todavia, o sonhar deve continuar aqui, ali...

Para que não enlouqueçamos

Com as desventuras da vida humana.

Nasci com as palavras nas veias.

Tão misturada ao sangue

Quanto às plaquetas e hemácias.

Nasci para transpor ao papel

Os sentimentos vividos, sentidos ou compartilhados.

Às vezes, de forma simples e compreensível.

Noutras, com algumas purpurinas a abrilhantar.

Escrevo por amor às letras.

Por querer deixar no mundo

Um pequeno pedacinho meu.

Sem a pretensão do estrelato.

Por ser esse um dom nem tão acessível assim.

Mas, se ele vier...

Que venha abençoado por anjos, de asas ou sem elas.

Que seja bem aceito

Por quem quer que me leia,

Que saiba apreciar meus escritos.

Escrevo com a alma.

E talvez seja por isso

Que o faço desde menina.

A vida me amadureceu cedo demais.

Porém, trouxe-me também a sabedoria necessária

A olhar nem tão alto, nem baixo demais.

O olhar nos olhos é o segredo.

Aliás, é através dele

Em que capto as sensações necessárias

Para que cada sentimento vire verso.

E versejar me alimenta.

Sacia minha fome de compreensão.

E faz com que eu divida com quem quer que seja

Um pouquinho dos sonhos e das palavras.

Por vezes, novas ao seu vocabulário.

E talvez você nem as conheça.

Por outras, tão batidas pela vida,

Que quase estão impregnadas à alma.

Nasci para versejar.

Com rima ou sem ela.

É dom que carrego nos dedos.

E que faz ligação direta com o músculo principal.

Nasci para a poesia.

E faço dela minha válvula de escape, vez em sempre.

Poetizo o mundo com meus olhos.

Olho cada detalhe.

E faço mais visíveis os pontos vistos, observados...

Nasci poetizando, tenho certeza.

E acho que enquanto compreender-me mentalmente

Farei dessa minha maior obra de arte.

A poesia corre nas veias,

E me alimenta a alma.

Com tudo o que melhor possa haver.

Substancia-me para que eu volite

E lhe faça volitar também,

Juntos aos meus versos.

Versejo como criança.

E assim quero me ver.

Enquanto o papel e a caneta percorrerem

O doce trilhar de minha vida.

E depois...

Ah! Depois eu lhe mando meus versos

Pelas mãos de outro ser qualquer.

Numa psicografia quase confidencial...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 15/09/2013
Código do texto: T4482355
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.