LUZ ARTIFICIAL
LUZ ARTIFICIAL
No quarto eu estava sozinho,
só a lâmpada me iluminava com sua luz artificial.
Seria, também, minha esperança artificial e inútil?
As revistas sobre a mesa continham um sonho erótico.
E na minha mente pulsava um sonho neurótico.
E minha fala estava presa.
Viver assim é um suicídio,
Eu sabia...
Era como procurar em um presídio
A alegria...
Mais triste era a espera,
mais agonizante
era esperar o instante,
esperar com suplício a primavera.
O mais triste era a ilusão
que sempre se afundava no precipício.
Quantas vezes tive a intenção
de me jogar de um edifício.
Tudo por causa de ser integrante
da desumana humanidade,
de ser viajante deste país de infelicidade.
Todo este coração infeliz,
porque vi nossa vida sem vestígios,
os seres podres, sem prestígios...
No quarto! estava sozinho,
Sem caminho! não queria mais a luz artificial,
Bastava a alienação! A máscara do carnaval...
Seria melhor apagar a luz sem chorar! Seria melhor se suicidar.
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é outono de 2007.