Pegadas na areia...

Estou atenta às moringas e às talhas

Peças de alumínio próprias para cozinha

Bancas de brincos e argolas

Balas, chicletes

Panos grosseiros estampados de florões

Roupas de crianças e adultos

Calçados, cadarços

Coisas que vou vendo pelas bancas, nas calçadas

E dá vontade de comprar tudo

E dá vontade de não comprar nada!

Cidade grande

Cidade pequena

Saudade é ver de longe, pela grade,

O bem que já esteve tão próximo!

Num cabide, junto com a lembrança,

Pendura-se uma esperança!

O mar é a melhor maneira de me amar.

Flechas e lanças enfeitadas de plumas roxas e amarelas

Índios Machacalis e

Tapajós, de Coroa Vermelha,

Pele cor de talha, cor de telha

Casas redondas, de palha...

Não demora,

Desbota-se o bronze das minhas costas

Recém-chegadas do Sul da Bahia...

Longe de mim,

As ondas continuam

Sob o sol total

Profusão de conchas

Profissão de ostras

Águas que se recolhem

E se expandem

Invadem a terra

E apagam os muitos rastros

Na areia

Das vezes que fui morena...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 14/04/2007
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