O poço

Quero ser o poço do nível mais baixo,

o poço sem eira nem beira,

aquele onde cai os dejetos da vizinhança.

Quero converter-me em poço profundo,

aquele que nunca enche,

de onde o podre, o fétido, que me chegam de cima,

em corrente violenta, jamais saiam.

Quero suportar toda e qualquer violação à paz,

em mim deve morrer qualquer mal,

qualquer treva que me invada

deve ser dissipada.

e nem mesmo meus suspiros encontrem evasão de mim

enquanto carregarem quaisquer vestígios de desagregação,

e quando eu estiver cheio de tudo,

a ponto de explodir,

que eu me cave um pouco mais...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 23/09/2013
Reeditado em 27/07/2022
Código do texto: T4494812
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