O poeta e o pastor

Meu bom poeta,
o tempo avança, afiando-se indomável
as vezes paro, permaneço como pedra
lamento a hora e este manto que trago
vem do tempo em que augusta vida eu tinha,
menino ainda, costumava cantar com as aves
já bem cedo, ia para o campo
sentir o cheiro da vida
e o vento, que trazia notícias de longe.

Amo a terra, pela doação de cada dia
pelo perfume que se levantava
toda vez que a chuva caía e cada planta
que nascia, era um pouco de mim;
Suas raízes fortes, troncos garbosos,
suas cores, eram minha alegria e
bem perto dali um rio, um rio que cortava
uma grande extensão de terra
suas águas límpidas, correntes...

Quanta vida existia ali, quantas palavras ouvi
quando num silencio, transitava no pensamento
da natureza, recolhendo poesia e canção.

A noite, ah meu bom poeta, a noite,
devia ver quão lindo era o céu
a lua cheia refletida nas águas
uma cascata de estrelas
o brilho dos vaga lumes
a orquestra dos grilos,
o vento manso vindo das montanhas
o amor, sim meu bom poeta, o amor
imagina se sentir abraçado pela noite,
tudo tão lindo
tão sensível
inspirador...

Ferido estou meu bom poeta
porque não quero só lembrar
não quero ter que dormir para tentar sonhar
quero viver esta verdade novamente
afogar minh'alma no campo onde nasci
onde aprendi a sorrir
onde aprendi o amor
onde aprendi a ser um bom pastor...
Chagas Neto
Enviado por Chagas Neto em 29/09/2013
Código do texto: T4502745
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