Ideias Relativas

Caem os versos, o alarde ao lado, colado

Proclama a simetria

Cai a insipidez do insípido

Cairá o fulgor da tarde, momentos fugazes

Declina o sol a realidade

Na noite deparo-me em círculo, compasso, exato

Exato compasso em círculo, gotas a caírem

Não vá não parta não diga, nonada, insígnia, sílfide, mulher

Stop! Não quero prolongar esta estrofe, mudemos de assunto

Jogo os versos da janela - hasta la vista

Termino esta estrofe por aqui.

Cai o término, término do túnel, ofusca a luz do trem

Patifes! Versos findos vêm e vão, mãos cálidas, cai à pena da mão

Nostalgia. Declina a lucidez!

Telégrafos, ângulos opostos: computadores e seus e-mails

Ressalva: cai o lápis da mão

Na destra mão cálida, adjetivo intenso, Relatividade Geral

E= M.C2/a luz lá fora, ulterior ao trem, viaja nos versos

A (300 000 km/s)

Busco o assunto, o homem desídia ao lado

Lado adjacente- ângulo 90°,

Do lado a coçar teus joelhos feridos

Caio-me na pergunta, indago-lhe:

-O que dói mais; a ferida exposta ou a ferida imposta?

Ante as janelas encontra-se, homem obsoleto

Procura resposta, não tendo

Minúcia o além das janelas

Sóbrio homem. O trem em movimento.

O homem sóbrio não vê a hora em desembarcar

Ir ao encontro de tua origem, tua sina

Contrai o espaço e o tempo

Não percamo-nos nas apologias de Malthus

Vejamos o homem, exceto resposta, na ponta da língua:

-Diz-me o que dói mais?

E recita o excerto dos versos, dantes por mim arrebatados pela janela:

-Voltar ao passado e permitir o futuro.

-Mas!!!

Poft!

É o lápis a cair

Encontro-me em desespero, as linfas propagam, labirinto do pensamento

Braços estendidos, dissonância dos ventos

Transborda na xícara, senão deparo-me, olvido o café, a mulher a servir-me, estado: café a derramar

E vem-me ao acaso, se o acaso dantes vinha a mim

Compor esta última estrofe.

Caem as folhas e inicia o inverno.

Como é possível compreender o incompreensível da tese?

Se as folhas caíssem não seria outono?

E se o outono não viesse seria inverno?

Conclusão: contundentemente seriam ambas as estações,

E teriam ambas as mesmas relatividades gerais;

O mesmo tempo;

Passado e presente,

Começo e fim.

(Carlos André)