Malandragem

Na esquina, da rua,

Dobrando no bolso o lenço xadrez,

O senhor quase antiquíssimo

Disfarça bem sua real profissão.

Faz-se de homem honesto,

Mas, sua honestidade já não existe faz tempo.

Vive nas sombras imundas,

Dos becos mais perversos,

Esperando o melhor momento

Para mais uma vítima.

Finge-se bom senhor perdido, desajeitado.

Mas, ao primeiro sinal, saqueia-lhe o que puder.

Gosta de dinheiro.

Todavia, prefere mesmo é iludir.

Mais fácil arrancar tostões sem esforço,

A ter que enfrentar o xilindró.

É malandro de carteirinha.

Quase com dever a pagar contribuição.

Procura uma velha quase com o pé na cova,

Ou uma quase virgem ingênua.

Saqueia aos poucos, sendo presenteado.

Até o momento oportuno de arrancar o que puder.

E arranca mesmo!

Sem deixar vestígios, muda de vida...

Assumindo um novo papel,

Numa cidadela qualquer de beira de estrada.

Já fez tantas vítimas

Que se considera mais astuto que cachorro de rua.

Faminto, procura a carne.

Para depois abandonar o osso num buraco, por aí.

Aproveita cada víscera como se essa fosse sua última refeição.

É chamado Zé das Trouxas.

Mas, pseudoniza com o nome que melhor lhe convier.

É da malandragem...

E pensar que são tantos os malandros de cá e acolá.

Em esquinas, becos, botecos.

Com caras de bons moços,, bom senhores, de família.

Bobo de quem ainda acredita no conto do vigário...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 07/10/2013
Código do texto: T4514912
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