Limitado
Infelizmente possuo
apenas dois braços
e um coração.
Mas carrego o mundo
em meu peito.
São meus irmãos
os que sentem fome,
são meus irmãos
os que sentem frio,
são meus irmãos
os esquecidos.
A sua dor
é minha dor,
a sua luta
é minha luta,
as suas lágrimas,
irei enxugá-las.
Sofro ao acordar,
sofro ao deitar.
Ouço o vento a soluçar,
sinto as pernas fraquejar,
preso e limitado quase nada
posso fazer...
Posso escrever versos,
rezar para que eles
cheguem as almas
engaioladas na tristeza.
Que cheguem as almas
que cultivam a indiferença,
ignorando a única certeza:
A morte visita a todos...
Laços surgem,
laços se rompem,
mas minha agonia
perante a fome e o esquecimento
esta jamais finda.
Meus míseros braços,
minha diminuta força,
sou praticamente impotente.
A folha e a caneta
são minhas armas.
O meu amor sustenta-me
neste desequilíbrio
no qual vivo.
Arrebata-me para galáxias distantes,
acompanhado pelos que choram,
pelos que sofrem, pelos que tem fome
e de todos que ainda possuem esperança.