No vendaval do pensamento

Ouvir o vento com seu grito

Ouvir o tempo

Sem demora

Refletir o que foi dito

Ouvir o passo largo

O calcanhar pisar

A fragilidade de Aquiles

Contando em versos

O que o tempo quer falar

Ouvir a flecha voando

Rasgando o vento

e cravando

No peito de quem quer falar

Sobre o que o vento espalha

Como suaviza e ondeia

Como derruba em revolta

E quando assume ser navalha

Falar da gota de água

Que vem no vento

Pensar como ela reveste

Os olhos com sentimento

Falar que é vento

É sopro

É poder descomunal

Que vem para amansar o calor

Quem vem para ser temporal

Falar que o vento traz a voz do tempo

Que a todo tempo está dizendo

Que é necessário ser sensível

Falar do vento que é visível

Ora arrastando, ora trazendo

O que se quer no pensamento

Ora etéreo, ora tangível