O devorador de sonhos

Mastigo os sonhos

Como se ouvem as canções

Se abrem as janelas para olharmos o novo dia

Sou um criado dos costumes

devorador dos sonhos alheios

Ando de vila em vila

Bar em Bar

Minha vida é uma mistura

de espectros

Sorriso amarrotado, cabelo desgrenhado

Todos os dias

Todas as noites

Minha carne, meu veneno destilado

Meus livros enfileirados

Meus sonhos amontoados numa gaveta

Esse novo ânimo

As folhas de papel em branco

O desejo da tinta em desenvolver-se

em versos

O que faço da minha vida

Se não olhar as borboletas

Aguardar a noite

Cantar alguma de Herivelton

E fazer uns versos

Dói a minha mente

Falta algo entre o polegar e o indicador

Perfilados, todos perfilados

Deuses, mulheres, mares

Aguardo a vontade da mente

A sua ditadura

Essa mente infértil

Não acompanha o desejo latente: Sai tinta do papel

Não devora as imagens

Os sonhos

Talvez eu seja outro

Ou eu mesmo

Essa forma agonizada e cambaleante

Dividido em verso

Versos invertidos.

Deijair Miranda
Enviado por Deijair Miranda em 26/08/2005
Código do texto: T45264