O BEM QUE TRAZ O MAL

Ai que saudade sinto desse estio

sob os calafrios ante o temporal,

a sensação de confinar sombrio

como se nunca passasse esse mal!

A chuva impiedosa desagua aos gritos,

anunciando: sai quem está na frente!

Eu levo latas, paus, lixo e detritos,

que os céus mandaram impiedosamente.

As vezes gosto da lúgubre cantiga

que a chuva entoa ao cair lá fora,

traz a lembrança, aquela mais antiga,

a qual eu sinto viva nesta hora.

Então, passando esse meu tormento,

vejo o chuvisco cair sobre a terra,

fico a torturar em meu pensamento

vendo cair a chuva lá na serra.

E sem a chuva, a sua inundação,

sem o tormento que ela nos traz

entra o calor a boca de um vulcão

nunca deixando o ser humano em paz.

Como pode ser o dom, o benefício,

tornar-se ao mesmo tempo o mal?

para trazer vida este suplício;

para trazer a morte, um temporal?

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 21/10/2013
Reeditado em 18/03/2018
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