Soturno

Énoite,

Luzes brilham lá fora, vejo pela janela.

Penso que é chegada a hora de dormir

Mas...

Não posso,

Não consigo!

Quero aproveitar o momento

Não é sempre que posso ver,

Que enquanto durmo todos os dias

O mundo vive.

A cama não é das melhores.

Ao fundo o silêncio é soturno.

Abro a janela.

Avisto pontos turísticos de minha cidade.

Sinto frio, o inverno ainda nos castiga.

Tento não pensar no que vem pela frente.

Quarto estranho,

Além do meu, mais um leito vazio.

Fico a olhar e imagino.

Quantos por ali passaram?

E onde estou?

Quantos, quantas ali se deitaram

Sinto um certo medo.

Não conseguirei dormir.

Tento lembrar das coisas boas que vivi.

Mas...

Foram elas embora.

Viraram-me as costas.

Deixaram-me aqui!

Estou longe de casa.

Uma moça bate a porta de mansinho.

É estranha.

Veio apenas buscar a bandeja do chá.

Olho para ela, meus olhos pedem socorro.

Ela acostumada com estes olhares se vai.

Enquanto eu fico aqui com o silêncio,

A acompanhar meu tormento.

Arlete KLENS