Verdadeiramente

Se um dia lhe chegar trazendo flores,

Aceite-as, por favor.

Não sou de presentear a quem

Não agrada meu coração.

E se lhe convidar a uma prosa,

Puxe a cadeira e sente-se.

O prazer de transmitir mais que palavras

É algo encantador para mim.

Posso ficar só ouvindo.

Posso balbuciar alguma resposta.

Posso tagarelar bem mais que a boca.

Porém, estar frente a frente a quem pede a alma...

É sem dúvida o cultivar dos sonhos.

E os sonhos... Ah! Os sonhos!...

São eles que nos tiram de nós mesmos,

Em dias de maré cheia, mar revolto.

Tiram-nos e nos devolvem, novos em folha.

Renovados na mesma existência.

Então, talvez eu sonhe com você.

Não sei.

Não posso prever o meu sonhar...

Talvez eu me preocupe com seus problemas

Tão mais do que com o meus.

E saia correndo, ao telefone,

Tentando buscar respostas para sua aflição.

Ou talvez eu permaneça inerte.

Com a mudez de uma porta velha,

Que nem ranger mais consegue.

E emudecido, prefira apenas observar.

Numa total preguiça de pensar.

Numa total covardia em ir à luta.

Se um dia lhe oferecer um copo d’água

Saiba que não será por educação.

Será pelo fato de me importar.

Verdadeiramente.

Afinal, embora eu saiba o que é educação que vem de berço,

Não obrigo meu coração a sê-lo educado

Com quem meu santo não bate.

Puxe a cadeira, sente-se, beba sua água.

Faça da melhor forma a contemplar a prosa.

Prosear é sempre bom.

Faz com que nos sintamos importantes, por algum momento.

E se depois se sentir à vontade,

Não hesite em ficar, um pouco mais.

Se um dia lhe perguntar como fora seu dia

Sinta-se em paz.

É apenas meu coração perguntando por você.

Verdadeiramente.

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 29/10/2013
Código do texto: T4546684
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