Poema insano

Ficamos racionais, como primatas,

discutindo, sem eira ne beira,

O sexo dos anjos e dos arcanjos;

A existência ou não de Deus

Em um blá, blá, blá; sem fim,

Pé , tampouco cabeça.

Mas o inteligente é escolher

No que ou em quem acreditar,

Beijar o brasão da crença,

Despensar o que não se pensa

E correr para o abraço.

Quem não tem Deus,

Este será será o seu próprio refúgio.

O dia em que for lhe tirado o ar,

No momento crucial da partida,

Entre a cruz da morte e estrela da vida,

Onde ninguém vive morto ou morre vivo,

Tampouco se reconhece;

Na metamorfose desambulatória

Na qual o ser vivo se coisifica por inteiro,

Em um momento fugaz e passageiro,

Ele vai descobrir que,

Seja pelo amor, pela dor, pelo horror,

Na mais pura insipiez do sabor,

Cada um tem o Deus que merece.

C. M.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 29/10/2013
Reeditado em 30/10/2013
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