Fim de Tarde

América. Parques ornamentados, fontes que jorram

A esperança nos olhos da criança, as tardes imersas

Em tempos vagos, uma viúva que chora, derrama um fardo

Da morte de agora, da felicidade do passado, um espinho lhe ferindo...

Ah! O cantar dos pássaros. Semanas sem sentido. O sol se esconde desalmado

A nunança noturna recobre a cidade com seu manto sereno

Despertando a nobreza dos lobos alados que se acalentam à noite de

Nuvens escarlates

É tão belo e improvável, olhar o infinito, sentir cada cisco, cada respiro

Traçar um destino, mesmo que num momento de euforia, converter toda sensação em alegria

E esquecer...esquecer por um segundo, o abismo que circunda o mundo, vertendo

lágrimas e dor. Esquecer daquilo que nos separa, demarcando a linha do futuro

Nesse singelo e jubiloso escuro, em que a paz desse instante contemplativo impera

Falsos profetas...indiferença, corpos, ódio, gordura...

Lutando contra o meu próprio ego, onde tentar amar é uma tortura

Um orgulho atravessado por um prego! Foi tudo o que senti

Agora que me porto como um animal perverso, registrando em tintas

Negras o que nunca acreditei. Em dias incertos, lamentando pelo

Que nem sei se amei, como uma geleira que se derrete em pleno inverno

Às vésperas de um pequeno delírio, suar em transe sufocando o espírito

Exercitar o fluxo do intestino, espreitando a sina do estudo mudo

Que alivia meu cérebro e perturba minha chacina. Insiste, insiste, insiste...

Maldita rotina, provisória e incisiva, quero conquistar tudo!

Pobre ser fútil, que se reprova e se degenera em ensaios repetitivos

Perpetrando risos, engendrando teu ciso em sorrisos cínicos. Distante e irreversível

Decaindo...miséria...cães latindo

Carros retinindo sons retrógrados. Mas quem sois vós marujo?

Quem se atreve ou quem se escora?

É dado teu repouso necessário, que os dias claros

Com esmero imitam. Durma homem perdido, se agarrando aos mesmos erros

Durma porque o sono é conforto, atributo divino, anestésico que encerra

A inquietude dos turvos.

É hora de hibernar.

Exibição Atrocida
Enviado por Exibição Atrocida em 19/04/2007
Código do texto: T455170