Amo as palavras
Amo as palavras
Mesmo as que falseiam o sentido
As que driblam o entendimento
Ou as que provocam o silêncio


Amo muito os vocábulos curtos
Ou os mais extensos
Os que lembram brinquedinhos de criança
Com seus ruídos
Suas cores
Seu brilho
Sua vida

Pois as palavras nascem
Crescem
Se produzem
E morrem
Ou ficam eternas
Ou encantadas
Em algum lugar


E como existem lugares
onde as palavras ficam
Ou como hóspedes queridas
Ou odiadas
Como visitas fugazes
Ou recorrentes


Elas ainda podem morar
Na saudade
Indefinidamente
Ou se tornam estrelas
A quem buscamos
A cada noite de lua cheia
Que nos fazem suspirar
Cantarolar algumas delas
Que um certo alguém sussurrou
Em nossos ouvidos

E que caíram direto na alma
Pra se tornarem eternas

São essas as mais preciosas
Aquelas que vão e vêm
Na frequência de nossas emoções
São as que tiveram todos
os significados
Os bons e os maus
Pois nos acenderam todos os sentidos

Os cinco conhecidos
E mais uns tantos por aí
Indefinidos
E que se revelam somente
Sob os eflúvios da paixão

Amo as palavras
As comuns
E as reinventadas
As que deixaram pra trás as amarras
Assim como o cavalo montado pelo Mestre João
O Guimarães das Gerais
Feiticeiro encantador de todas elas.

Assim também como o gênio Manoel
Que do barro ,do que os outros fazem pouco
Produziu os mais lindos versos
E se declarou encantado pelo verbo

Amo as palavras de toda estirpe
As que provocam desordem
Que fazem o mundo girar
Que apontam outros caminhares
E uma nova ordem social

Amo sempre as palavras dispostas
A serem ponte
Em nome da paz
As que fazem mãos
Braços e bocas se procurarem
Em nome de algo maior
Em nome do que não é rifle
Nem violação

Amo as palavras utópicas
Como amor
Paz
Empatia
Abnegação
Que se juntam à bondade
Companheirismo
Determinação

Amo muito meus poetas
Que me encantam a cada dia
E me amenizam as frustrações

Assim como Drummond
Neruda
Adélia
Cecília
Clarice
Fernando e seus desdobramentos
A cada momento me extasio diante das palavras


São elas o alicerce do mundo
Da pólis
Do Ser

E por amar tanto as palavras
E tentar me locupletar de todos os seus sentidos
Que eu me faço assim
De aprendiz de encantamento
Pois bebi e bebo da fonte
Daqueles que reverenciam a palavra
Que tratam-na como jóia rara
E tentam a cada momento de deslucidez
Montar um colar de diamantes.

A palavra é o refúgio da poesia
Que somente se revela a quem
Aprende a calar o pensamento
E deixa fluir a emoção

 

Amarilia T Couto

amarilia
Enviado por amarilia em 06/11/2013
Reeditado em 17/03/2024
Código do texto: T4559540
Classificação de conteúdo: seguro
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