TERMINAL

Eu aumento o som da televisão em meu quarto

A fim de abafar o silêncio de meus gritos;

Os olhos lacrimejam e buscam um sinal de uma presença divina,

A ilusão derruba minhas medicações pelo chão;

Os rins se contorcem de dor,

As infecções invadiram até a medula de meus sonhos.

Tomo banho, AINDA ME SINTO REAL,

Mas o cheiro de doença não se dissipa de meu corpo;

O cheiro de doença impregnado e rindo no interior das coisas,

Dos objetos e roupas que usamos, das festas e dos trabalhos;

A vida a se injetar morfina na própria veia para suportar suas aflições.

Meus pais me dizem que o almoço está delicioso,

Eu almoço para fingir que estou saudável,

Olho minha família que comenta sobre vários temas e assuntos,

E meu coração lacrimeja sangue, pois não posso revelar meus segredos.

Os sinos da tristeza tocam no cume da montanha,

Não posso, meu amor e minha amiga, te afundar junto a mim

Nesse poço de enfermidades e desalentos que tapo com aparências;

Sei que me amas, sei que depois amarás a outras pessoas e assim deves fazer;

Sei que tens receios ao estar ao meu lado:

Ter que escolher as palavras certas a serem ditas;

Ter que fingir a acreditar que tudo pode mudar,

Você é o meu próprio otimismo e a chama que não se apagam em mim,

Mas não é justo te envolver em meus problemas meu amor.

Suportar essa dor é sinônimo de coragem e garra?

Onde está minha dignidade em ao menos escrever o capítulo final

De minha pseudobiografia, de meu enredo enterrado e moribundo?!!

Os sinos do além me convocam,

Uma música alegre se levanta de meu estômago narcotizado por analgésicos,

Não somos tão essenciais quanto pensamos,

As coisas depois continuam depois de nosso depois,

Os ciclos da vida continuam idiotas e necessários;

Um momento... Onde estão meus amigos?

Meu amor, peço-te:

Induza-me em coma, meu corpo está insuportável de gritos;

Eu não acordo, pois o sol já se declinou há tempos em meu fado;

Eu levanto da cama, todavia meu espírito continua inconsciente na cama, edemas se alastram lentamente em minhas emoções,

Quatro crianças jogando futebol não descongelam mais a frieza do meu olhar;

Não culpo meus amigos por estarem se divertindo em orgias,

Não culpo a sociedade encarcerada em preocupações financeiras e afetivas;

Não culpo minha própria culpa em persistir em lutar em vão;

Contudo ainda devo lutar,

Devo sim lutar mais um pouco, porque teu amor e tua voz

Sustentam a carcaça inútil deste meu ser.

Pai: perdoa-me por ter sido um filho covarde;

Mãe: absolva-me por não ter sido o filho por quem tanto você de dedicou;

Minha alma: não há palavras para expressar o quão falhei contigo, comigo, com todos.

Devo aceitar minha condição e meu estado?

Devo blasfemar contra os céus contra minha condição?

Devo me deprimir por tudo o que está ocorrendo?

Devo, ou não devo, não mudar os fatos de minha vida, seja lá o que fatos aparentem evidenciar?

Preciso dormir um pouco. Por favor meu amor, aqueça meu corpo febril

Com uma história que tenha um final feliz, que nem tudo foi em vão.

Por favor, siga o teu destino só depois que meus olhos se fecharem

No ninho de vazios de minha alma onde escondi o que fui e sentia,

Nesta minha alma hereticamente ultrarromântica e débil que transborda

em empatias, em humanismos, em palavras, em te amar como tu sempre foste, e como não saberei depois sobre ti, nem sobre mais nada.

Teu mundo espiritualizado por vontades, ideias, e enganos vos espera.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 09/11/2013
Reeditado em 10/11/2013
Código do texto: T4563445
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