QUISERA O FRIO

QUISERA O FRIO

No lampejo opaco da madrugada,

Ouvindo a melodia que a noite nos oferece

Clamei pelo clima mais baixo,

Para poder sentir na pele

O calor intimo

Que o outro corpo me ofereceu.

Pedi o frio que me isolou

Para poder gravar na minha alma

A ganancia da tua presença.

- Eu te amo.

Isso é um fato.

Mas a maneira como te amo

Aí é que são elas.

Será que preciso de amor gravado a ferro e a fogo,

Daqueles que fica exposto na carne, na face?

É uma doença ou o abstrato que confunde?

Quero, desejo o frio que me amortiza os movimentos.

O calor excessivo expande e eu não quero ser grande.

Quero ser o menor

Para conquistar o maior.

Quero sempre o amparo aveludado,

O colo cedido com cuidado

Para que eu me encaixe

Como um feto.

Quisera o frio,

Para sentir o cuidado das palavras

A me embalar nas madrugadas sem fim.

Quero o calor só para transmitir

Que o carinho está sendo recebido.

Quero a falta do agasalho

Para poder ser coberto pelo seu abraço.

O porquê desse amor, eu não entendo.

A maneira como peço para ele ser comigo

É outra incógnita que dispenso revelação.

Quisera o frio,

Mas ofereço o ninho

Para sua morada.

Aconchegue-se,

Sou receptivo.

Em certas situações.

Posso ate entoar umas canções

Para fazer dueto com suas melodias.

Mas não deixe de compô-las

Eu não sei iniciar uma ária.

Porisso peço o frio,

Não sei calcular o oposto.

Posso até queimar,

Marcar demais.

Prefiro a tatuagem na minha pele.

Quisera o frio

Para oferecer o calor receptivo.

Então na medida do teu calor

Estarás consciente do que preciso.

Quisera o frio!

Di Camargo, 14/11/2013

Di Camargo
Enviado por Di Camargo em 14/11/2013
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