Puerilidades

Quando criança eu fora criança

Ainda criança brincara com o refluxo do vento – éramos

felizes e nem sabíamos.

Quando criança tornara-me criança

Espetáculo da vida que se inicia agora

no palco da inocência criança irradia.

Quando a criança era criança, nu na chuva dançava. Nada temia.

Ah! Sim. Temia aos pais se descobrissem

suas traquinagens

Mas mãe! , a chuva mansa é – bebe o corpo

desalma a alma

Num centro de tudo ao imenso do nada

Num centro de tudo ao imenso do nada

Num centro de tudo no imenso de nada

Num centro de tudo imenso de um nada

No cesto o mundo e um imenso nada

Nada, nada, nada, e chega a ser niilismo.

(Num cesto o mundo levado por uma criança)...

Vede menina bela! - que do Oceano Atlântico

navegaríamos ao mundo sem pretensão nenhuma

Se amar fosse perigo, tendíamos a serem almas perdidas

no Universo da criatividade.

Quando criança – criança era

a verdade ilusória invadia

[criança com as mãos sujas de barro

palpava o mundo dos adultos – num lençol as máculas de um segredo.

Quando criança pensava tal feito criança

Ao senhor que me cumprimentara as vésperas do meu aniversário.

Não recrio ideias que não se abrilhantaram no palco da vida

(Loucos), fomos até o ponto de acreditarmos em si próprios

E conseguiríamos a medida certa de vencermos na vida

...Ou se vence ou não vence...

Tudo é rotação. Nada a ficar em inércia de pensamento. E penso.

Que quando criança o mundo criado fora por ambições da imaginação

Fato é:

não admiro uma cor por ser ela bonita

Admiro por ela já se sentir admirada noutros olhos dantes nunca avistados

Quando criança, criança era, e palpitava um sorriso indesejável às visitas de domingo

Não que a criança intencionava aquele motim nas tardes de domingo,

Era tido que as razões eram várias. O Mundo globalizado e seu suplemento.

Quando criança, arriscava-me num palpite incerto, o final das estórias que minha mãe narrava

antes de eu adormecer

E quando dormia, diziam que a verdade era uma só. Sem presságios, photoshop,

slides, e ditaduras

Quando a criança anoitecia de criança, a superfluidade acontecia

Em meio ao vão o sucesso era desespero

Em meio à sorte, o amor era único, sem litígios, e desquites

Em meio a tudo meu mundo era promessas

Quando tudo saudade for.

Gosto dos meus gostos,

das mesmas roupas,

do mesmo amor,

da mesma sensibilidade nos acontecimentos incríveis,

do forro da mesma cama,

na verdade que me ama.

E tudo faz sentido.

Não duvides, nem me imites

Não fuja, testemunha

Faça disso uma promessa, toda essa questão que lhe interessa

Menina, tu olhas amedrontada pra vida...

Quero que sintas feliz!

A eternidade. Vejo o de sempre...

Encosto às lembranças no travesseiro

Beijo teu sorriso

Num puro delírio de te ver passar.

Quando criança, criança era...

e tudo foste um tanto sentido, sonho, e tradução

Quando criança... vestiste de recomeço: emoções vividas.

Filhos e gerações!

E assim, quando tudo for razão em ter sentido

Lembrarei dessas puerilidades

Do que conto hoje, amanhã, do que seremos...

Uma só palavra mudará.

(Carlos André)