SABOR DE MAR
Se somos quase d’água, como a Terra é,
o que é que tem esse meu peito
que bate - bate acelerado
sempre quando te vê?
Acho que sei do que se trata,
porque esse compasso maltrata.
Quando tens os olhos rasos d’água,
a lágrima que deles deságua
junto a minha, fazem um “mosto”.
Um fermento natural que tem gosto
de coisa pra ser feita a dois.
Também pode ser o suor que exalas, e é.
Pois sempre que suamos daquele jeito,
no teu sabor de mar, salgado,
me sinto inteiro naufragado em você.
Há, porém outro senão
que me faz refém desse trovão.
Sendo de água quase seu corpo todinho,
aonde estejas o ambiente se transforma.
Tens a propriedade do oxigênio marinho.
O teu odor a tudo esfuma de tal forma
que até parece o aroma forte do depois.