A DOR DA ROSA
Quando olhou nos meus olhos era tristeza o que me oferecia
Das rosas era a mais bela mas não sabia a beleza que tinha
Queixava-se que não a enxergavam mas ela também não se via
E por não se ver acreditava em mentiras que não existiam
E por mais que eu a alertasse acreditava em que seus lábios diziam
Das pétalas que tanto enfeitavam a estrada
Para si mesma não guardava nada
A não ser a solidão do espinho
Ferino e ferindo
Respingando de carmim a sua alma
Transformando tropeços em traumas
Que não precisavam habitar em seu peito
Bastava apenas olhar direito
Para ver que não haviam pontos finais
Apenas vírgulas brincando de vem e vai
E que o não é uma ilusão da amargura
Mais que espada é armadura
Que finge que protege mas só repele
A única coisa capaz de curar sua dor
Não sabe amar quem tem medo do Amor
Ela temia ser abandonada
Como se fosse possível deixá-la
Temia o abandono
Como se fosse possível a alguém causar tal dolo
O único abandono é o que ela fazia consigo própria
Todos os outros eram pálidas cópias
E nenhum podia machucá-la mais do que ela própria fazia
Quanto menos se enxergava tanto mais se feria
Cortava-se com a rejeição sendo que rejeição não havia
Pois quando a Vida fecha uma porta
Não é "não", é correção de rota
E todas as vezes que Deus a transportava em Suas Mãos
Ela chamava isso de perda e chorava em solidão
E mais que ais, eram desatinos
Pois somos todos suspiros dentro do Coração Divino
E não há nada além de Amor no Coração do Onipotente
Não vem Dele as algemas nem tampouco as correntes
A prisão da solidão é uma criação da mente
Mas como Suspiro Divino que era
Era simples, única, meiga e bela
Mas o medo era uma venda que ela própria pôra nela
Mas a Vida - que é Deus em Ação
Ao vê-la cega conduziu-a pela mão
E disse a ela que poderia tirar a venda quando quisesse
E que isso era tão certo quanto a precisão da prece
E nesse dia poderia ver quem era de verdade
Veria toda sua Luz e não apenas claridade
E que o nome disso é Amor, mas também chama-se Liberdade
Lembra-te disso quando a lágrima insistir em cair pelo motivo errado
Levanta o rosto e me veja, te amando em silêncio ao seu lado
E da próxima vez Rosa, que sentir-se só e nua
Sente também minha mão, sempre a segurar a sua.