Olho-me no espelho
Olho-me no espelho
não gosto do que vejo;
Nos meus olhos um infinito,
minha boca um labirinto,
a minha pele: couro sem valor.
Minhas mãos raquetes rachadas
e meu umbigo deslocado
dividindo meu corpo em dois.
Olho-me no espelho
não gosto do que vejo;
Coxinhas de galinha
prontas para servir,
travesseiros improvisados
fazem-se contra-peso:
na frente- atrás!
Meus braços
grandes tacos de beiseball
prontos para rebater
o que vier por ai.
Olho-me no espelho
e, hoje, detesto as figuras,
representadas nas partes
do meu corpo,
somente vistas por mim.