Olho-me no espelho

Olho-me no espelho

não gosto do que vejo;

Nos meus olhos um infinito,

minha boca um labirinto,

a minha pele: couro sem valor.

Minhas mãos raquetes rachadas

e meu umbigo deslocado

dividindo meu corpo em dois.

Olho-me no espelho

não gosto do que vejo;

Coxinhas de galinha

prontas para servir,

travesseiros improvisados

fazem-se contra-peso:

na frente- atrás!

Meus braços

grandes tacos de beiseball

prontos para rebater

o que vier por ai.

Olho-me no espelho

e, hoje, detesto as figuras,

representadas nas partes

do meu corpo,

somente vistas por mim.

Polar
Enviado por Polar em 21/04/2007
Reeditado em 21/04/2007
Código do texto: T459007