Meu outro Eu
És perigoso animal
que na surdina me habitas
e às vezes sais da jaula
querendo ser dono de ti...
nada mais és do que uma nau
dançando no mar à deriva...
És a lição de moral da fábula
que por rebeldia nunca li.
Às vezes me rasgas com tuas garras
afiadas na minha própria carne,
como se pudesses me vencer...
Inútil duelo travas!
Porque no fundo és um covarde
que tem medo de sofrer...
Não te atiras dos penhascos
nem te debruças nos parapeitos
das janelas sem grades...
Repito: és covarde!
Só sabes fazer alarde,
mas descansas conformado em teu leito
encolhido no próprio abraço.
Ao menor sinal de perigo
te escondes sem alarido
até a poeira baixar!
És ridiculamente covarde...
mais uma vez te repito!
Teu nome é covardia
porque sufocas o teu grito
e tenho que transformá-lo em poesia!