Poesia envenenada VI: Rabeira além do mar. (A casa dos corações partidos.)
Indo para o onde o vento guiar,
Para além de onde finda o mar,
Onde o horizonte corta,
E fissura afunda eterna e Sol comporta,
O fim do mundo, a rabeira do tempo.
Íngreme beira, a ilusão rasteira,
Corações que viram o lampejo,
Luz que brilha em tempestade,
Tolos não sabiam, ao final do passo...
Ah, tudo que resta, tolos corações,
A queda onde apenas iriam se afogar.
A casa das estrelas frias,
Donde apenas poder-se-ia ouvi-las chorar,
Com os ecos de almas perdidas
Só o que se podia por suas misérias
Sentado a rabeira do tempo,
Coração pesado, desespero marcado
Nos olhos, na alma, culpado, honrado?
A esperar, um último sinal a bradar,
E voltar a seu lugar, o nada, o vazio,
Pois ferido já não podia retornar.
Memento Mori