Campanário

Sozinho, tristonho e moribundo, lá se vai o homem velho...

carrega sobre sua deformada e grande corcunda

o fado dos seus últimos dias.

No alto do campanário,

toca a cada seis horas do dia - O sino.

nos cimos da torre, da soturna e pequena capelinha,

avisa a hora dos cristãos se curvarem

aos sagrados altares.

As devotas velhinhas

recolhem-se às suas casas;

Dirijam-se aos altares particulares,

que ornaram seus santos de flores,

o altar de velas e incensos perfumados.

num esforço dobram-se os joelhos,

Para disporem a cada hora sagrada um terço de reza,

um rosário de mil contas, que ao longo das contas

vão se definhando ave-marias e credos...

Vão se perdendo e voltando, numa infinita penitência

Ao fundo, o padre perdido em mais papéis,

a cera da vela respinga caricaturas disformes,

parecem anjos da morte.

vai compondo melancólicos hinos,

que os canta nas noites de missa.

Oh súplicas de salvação,

pelas almas que no purgatório estão...

As almas desesperadas,

que queimam no lago ígneo de Hades

em coro acompanham

o rogar, as súplicas;

Num tom de ópera, ouço, vozes que choram.

E o sino retine, entre choros, rezas,

súplicas e lamúrias.

Desce a terra, abre-se a urna funérea

recebe a lápide destinada, que ao defunto, espera.

Camila Arruda
Enviado por Camila Arruda em 15/12/2013
Reeditado em 15/12/2013
Código do texto: T4612262
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