Outros outonos já não há

Outros outonos já não há

Ficaram para trás

Com suas folhas secas

Suas flores murchas

Arrastadas pelo vento

Num rodamoinho sem fim

Desalinhando cabelos

Cruzando braços na solidão

Ou abraçando o sonho da primavera

Que não tardou em vir...

Outros outonos já não há

Inesquecíveis ou não

Marcantes para os amantes

Solitário para os pensantes

Eterno momento lírico

Para poetas absortos

Na natureza que se exibe

Numa manifestação singela

De afável fúria que embeleza

O gris das tardes melancólicas...

Outros outonos já não há

Levaram consigo lembranças

De inspirados clubes de esquina

Poetando canções cristalinas

E meninas sonhando verões

Propondo amores ao sol

Mas que tão logo já se esfria

Quando novamente sem licença

Outro outono surge solene

Afagando despretensiosos corações.

Lú Garcia
Enviado por Lú Garcia em 30/08/2005
Código do texto: T46210