Cimento.

A Rua vai andando, carregando um mundaréu de gente.

Rua concreta carregando gente feita de cimento.

Tudo isso acompanhado pelo sol, ardiloso astro que queima a Rua e aquece a gente.

Anoitece; o sol vai recarregar as forças

(mesmo amanhã sendo dia de chuva).

A Rua embala as pessoas encimentadas.

Rua trapaça que faz cair as pessoas banhadas a álcool.

Tudo isso acompanhado pelas estrelas, pequenos sóis insônes

resplandecendo na via láctea.

E irá sempre amanhecer de novo...

O sol tornará ao seu posto de agente polinizador da boa-ventura.

O sol é quem racha o cimento.

O sol-racha-o-cimento...mas não importa.

A Rua concreta continua, carregando gente feita de pedra.

TMB
Enviado por TMB em 25/04/2007
Reeditado em 25/04/2007
Código do texto: T463875