Cimento.
A Rua vai andando, carregando um mundaréu de gente.
Rua concreta carregando gente feita de cimento.
Tudo isso acompanhado pelo sol, ardiloso astro que queima a Rua e aquece a gente.
Anoitece; o sol vai recarregar as forças
(mesmo amanhã sendo dia de chuva).
A Rua embala as pessoas encimentadas.
Rua trapaça que faz cair as pessoas banhadas a álcool.
Tudo isso acompanhado pelas estrelas, pequenos sóis insônes
resplandecendo na via láctea.
E irá sempre amanhecer de novo...
O sol tornará ao seu posto de agente polinizador da boa-ventura.
O sol é quem racha o cimento.
O sol-racha-o-cimento...mas não importa.
A Rua concreta continua, carregando gente feita de pedra.