Sinais de fumaça


Aos céus, debalde, lancei meus sinais de fumaça,
A tua procura, no aguardo da indizível graça,
Toquei, por noites infindas, os surdos tambores,
A espera de que ouvisses e atendesses meus clamores.

Enviei, milhões de vezes, mensagens em garrafas,
Que se perderam nos oceanos, presas em tarrafas,
Desesperei-me, lancei em código Morse meu clamor,
Gritando a todo mundo, buscando este perdido amor.

Bradei-o em todas as línguas, até mesmo esperanto,
Sem saber que não ouvias meu canto, meu pranto,
E que em tuas noites vazias, nem mesmo a poesia
Que para ti compunha a lia, em completa dislexia.

Vaguei só, náufrago, por tantos oceanos, ao léu,
A tua procura, calado, silente, sem fazer escarcéu,
E quando enfim te encontro, finalmente constatado,
Andávamos em círculos, à procura do outro amado.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 08/01/2014
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