Horizontes desbotados
Os pensamentos atravessam
O rosto na janela
Úmidos e mornos
As esperanças os seguem
Também úmidas e mornas
Uma após a outra
À esquerda e à direita
Na curva do queixo
Uns segundos
Vislumbrando o horizonte
Através da janela aberta
Não há nada para ver
A brisa fria e inconveniente
Desfaz os cachos
Balança as cortinas
E uma após a outra
As esperanças desabam
Sobre a blusa amarela
De rendas na gola
Amarela é a renda
Amarela é a blusa
Amarela é a face úmida
Amarela e pálida
É a sombra na janela
Esperando o raiar
De um sol cor-de-rosa
Cristiane Muniz