AH! SE VOCÊ FALASSE!
Agora, é para você
Que eu estou a escrever.
Já cansei de lhe falar,
Sem u'a resposta obter.
Já cansei de lhe fitar,
Sem seus olhos divisar.
Já cansei de lhe pedir
Um gesto, uma palavra,
Mas nada você me deu
Para que eu tivesse certeza
De que não estou a sonhar...
Talvez, quem sabe, você
Entenderá esta linguagem
E volverá da viagem
Que fez sem se despedir...
Pelo menos prá me dizer
Que eu posso acreditar
Nesta coisa formidável,
Tão pura, incomparável,
Cheia de sinceridade,
Desprendida da vaidade,
Amante do coração...
Nesta coisa incorpórea,
Tão distante deste mundo,
Mas nem por isso irreal,
Chamada Felicidade.
(Niterói, em 27/07/1968)