Recortes

Ainda desconheço o romance anunciado

O brando contato com tua pele alva

Grito e sou um estúpido

Choro e sou um coitado

Quem sou eu senão um personagem interpretado?

Aquele que adoça o açúcar, estimula o estimulante

Não suporta tua dor, não estanca o teu sangue

O ardor dos homens que deliram alto sob o telhado

A criança que não vive na madrugada, por demais inocente para as trevas

Ambos partem em busca de sonhos

Como o príncipe monstro que vive no cimo das montanhas

Frias, quentes, jovens e belas; imploram por abrigo

O espectro escatológico figura em seus dentes podres

Surrados pela chuva, tempestades que matam!

Selvagens mares assassinos, beijo salgado da morte

Ironia sorridente, santuário de amargura

Gesto por gesto, milésimos inteiros, de amenidades corrosivas no espelho

A gélida superfície congela meu esqueleto, vindas são pretextos

De vergonhas eu já me esqueço

Pedras que perfuraram meu fígado

Miserável solidão, inútil reflexão

Vazias numa lata de concreto, desabando e aquebrantando cacos outrora colados

A verdade é dolorosa, traz choro e desesperança

O ódio é a substância da ignorância

Ah, como é belo o amor que eu nunca senti

O vigor dos esquilos alpinos

A merda cheira o homem!

Exibição Atrocida
Enviado por Exibição Atrocida em 27/04/2007
Código do texto: T465601