Recortes
Ainda desconheço o romance anunciado
O brando contato com tua pele alva
Grito e sou um estúpido
Choro e sou um coitado
Quem sou eu senão um personagem interpretado?
Aquele que adoça o açúcar, estimula o estimulante
Não suporta tua dor, não estanca o teu sangue
O ardor dos homens que deliram alto sob o telhado
A criança que não vive na madrugada, por demais inocente para as trevas
Ambos partem em busca de sonhos
Como o príncipe monstro que vive no cimo das montanhas
Frias, quentes, jovens e belas; imploram por abrigo
O espectro escatológico figura em seus dentes podres
Surrados pela chuva, tempestades que matam!
Selvagens mares assassinos, beijo salgado da morte
Ironia sorridente, santuário de amargura
Gesto por gesto, milésimos inteiros, de amenidades corrosivas no espelho
A gélida superfície congela meu esqueleto, vindas são pretextos
De vergonhas eu já me esqueço
Pedras que perfuraram meu fígado
Miserável solidão, inútil reflexão
Vazias numa lata de concreto, desabando e aquebrantando cacos outrora colados
A verdade é dolorosa, traz choro e desesperança
O ódio é a substância da ignorância
Ah, como é belo o amor que eu nunca senti
O vigor dos esquilos alpinos
A merda cheira o homem!