[Eu - o verso de um só: A noite da memória]

As coisas, os seres...

as vivências mais significativas,

a inevitável teia das relações,

as pessoas e os seus mundos...

Tudo isso tem vigência

numa espantosa noite

enrustida em nossa memória.

E às vezes,

num súbito resgate,

lá do fundo dessa alongada noite,

torna a nos ferir um certo tempo-ser.

E então, nos descomprendemos,

nos sentimos estranhos...

Nem estamos, nem somos:

apenas flutuamos na névoa

dessas lembranças...

Sob a ilusão das mesmas estrelas,

outros dias, outras noites virão...

Muito sofrimento, pouca felicidade,

até que, nas irrepetíveis estações da vida,

a memória entre no outono...

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[Desterro, 19 de janeiro de 2014]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 19/01/2014
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